capitolo 1 capitolo 2 capitolo 3 capitolo 4 capitolo 5 capitolo 6 capitolo 7 capitolo 8 capitolo 9 capitolo 10 capitolo 11 capitolo 12
capitolo 13 capitolo 14 capitolo 15 capitolo 16 capitolo 17 capitolo 18 capitolo 19 capitolo 20 capitolo 21 capitolo 22 capitolo 23 home

Meia hora depois, quando João Romão se viu menos ocupado, foi ter com o sujeito que o procurava e assentou-se defronte dele, caindo de fadiga, mas sem se queixar, nem se lhe trair a fisionomia o menor sintoma de cansaço. — Você vem da parte do Machucas? perguntou-lhe. Ele falou-me de um homem que sabe calçar pedra, lascar fogo e fazer lajedo. — Sou eu. — Estava empregado em outra pedreira? — Estava e estou. Na de São Diogo, mas desgostei-me dela e quero passar adiante. — Quanto lhe dão lá? — Setenta mil-réis. — Oh! Isso é um disparate! — Não trabalho por menos... — Eu, o maior ordenado que faço é de cinqüenta. — Cinqüenta ganha um macaqueiro... — Ora! tenho aí muitos trabalhadores de lajedo por esse preço! — Duvido que prestem! Aposto a mão direita em como o senhor não encontra por cinqüenta mil-réis quem dirija a broca, pese a pólvora e lasque fogo, sem lhe estragar a pedra e sem fazer desastres! — Sim, mas setenta mil-réis é um ordenado impossível! — Nesse caso vou como vim... Fica o dito por não dito! — Setenta mil-réis é muito dinheiro!... — Cá por mim, entendo que vale a pena pagar mais um pouco a um trabalhador bom, do que estar a sofrer desastres, como o que sofreu sua pedreira a semana passada! Não falando na vida do pobre de Cristo que ficou debaixo da pedra! — Ah! O Machucas falou-lhe no desastre? — Contou-mo, sim senhor, e o desastre não aconteceria se o homem soubesse fazer o serviço! — Mas setenta mil-réis é impossível. Desça um pouco! — Por menos não me serve... E escusamos de gastar palavras! — Você conhece a pedreira? — Nunca a vi de perto, mas quis me parecer que é boa. De longe cheirou-me a granito. — Espere um instante. João Romão deu um pulo à venda, deixou algumas ordens, enterrou um chapéu na cabeça e voltou a ter com o outro. — Ande a ver! gritou-lhe da porta do frege, que a pouco e pouco se esvaziara de todo. Mezz'ora dopo, quando Joao Romão si trovò meno indaffarato, andò dall'uomo che lo cercava e gli si sedette di fronte, crollando per la stanchezza, ma senza lamentarsi, né tradire il minimo segno di stanchezza sul viso. — Sei dalla parte dei Machucas? chiesto a lui. Mi ha raccontato di un uomo che sa come incuneare la pietra, bruciare il fuoco e fare lastre di pietra. - Sono io. "Eri impiegato in un'altra cava?" “Ero e sono. A São Diogo, ma non mi è piaciuto e voglio trasmetterlo. "Quanto ti danno lì?" — Settanta milreis. -OH! Questo non ha senso! — Non lavoro per meno... — Il mio stipendio più alto è cinquanta. 'Cinquanta vince un ragazzo scimmia...' 'Beh! Ho molti lavoratori di lastre lì per quel prezzo! "Dubito che lo faranno!" Scommetto la mia mano destra che non riesci a trovare qualcuno per cinquanta milreis che possa guidare il trapano, pesare la polvere da sparo e accendere il fuoco senza danneggiare la pietra e causare disastri! — Sì, ma settanta milreis è uno stipendio impossibile! — In tal caso, vado come sono venuto... Questo non è stato detto! — Settantamila réis sono un sacco di soldi!... — Dal mio punto di vista, capisco che vale la pena pagare un buon lavoratore un po' di più che subire disastri, come quello che ha subito la tua preda la scorsa settimana! Per non parlare della vita del pover'uomo di Cristo che è rimasto sotto la pietra! - OH! Machucas ti ha parlato del disastro? - Mi ha detto, sì signore, e il disastro non accadrebbe se l'uomo sapesse come fare il lavoro! — Ma settanta milreis è impossibile. Scendi un po'! — Per meno non mi va... E non bisogna sprecare parole! "Conosci la cava?" "Non l'ho mai visto da vicino, ma volevo pensare che fosse bello." Da lontano puzzava di granito. - Aspetta un attimo. João Romão è andato alla benda, ha lasciato degli ordini, si è messo un cappello in testa ed è tornato dall'altro. - Venite a vedere! le gridò dalla porta della frege, che a poco a poco si era svuotata del tutto.
O cavouqueiro pagou doze vinténs pelo seu almoço e acompanhou-o em silêncio. Atravessaram o cortiço. A labutação continuava. As lavadeiras tinham já ido almoçar e tinham voltado de novo para o trabalho. Agora estavam todas de chapéu de palha, apesar das toldas que se armaram. Um calor de cáustico mordia-lhes os toutiços em brasa e cintilantes de suor. Um estado febril apoderava-se delas naquele rescaldo; aquela digestão feita ao sol fermentava-lhes o sangue. A Machona altercava com uma preta que fora reclamar um par de meias e destrocar uma camisa; a Augusta, muito mole sobre a sua tábua de lavar, parecia derreter-se como sebo; a Leocádia largava de vez em quando a roupa e o sabão para coçar as comichões do quadril e das virilhas, assanhadas pelo mormaço; a Bruxa monologava, resmungando numa insistência de idiota, ao lado da Marciana que, com o seu tipo de mulata velha, um cachimbo ao canto da boca, cantava toadas monótonas do sertão: “Maricas tá marimbando, Maricas tá marimbando, Na passage do riacho Maricas tá marimbando.” A Florinda, alegre, perfeitamente bem com o rigor do sol, a rebolar sem fadigas, assoviava os chorados e lundus que se tocavam na estalagem, e junto dela, a melancólica senhora Dona Isabel suspirava, esfregando a sua roupa dentro da tina, automaticamente, como um condenado a trabalhar no presídio; ao passo que o Albino, saracoteando os seus quadris pobres de homem linfático, batia na tábua um par de calças, no ritmo cadenciado e miúdo de um cozinheiro a bater bifes. O corpo tremia-lhe todo, e ele, de vez em quando, suspendia o lenço do pescoço para enxugar a fronte, e então um gemido suspirado subia-lhe aos lábios. Da casinha número 8 vinha um falsete agudo, mas afinado. Era a das Dores que principiava o seu serviço; não sabia engomar sem cantar. No número 7 Nenen cantarolava em tom muito mais baixo; e de um dos quartos do fundo da estalagem saia de espaço a espaço uma nota áspera de trombone. O vendeiro, ao passar por detrás de Florinda, que no momento apanhava roupa do chão, ferrou-lhe uma palmada na parte do corpo então mais em evidência. Il cavaliere pagò dodici soldi per il pranzo e lo accompagnò in silenzio. Attraversarono il caseggiato. La fatica continuò. Le lavandaie erano già andate a pranzo ed erano tornate al lavoro. Ora indossavano tutti cappelli di paglia, nonostante le tende da sole che erano state montate. Un calore caustico mordeva i loro corpi, ardenti e luccicanti di sudore. In quel periodo li colse uno stato febbrile; quella digestione fatta al sole fermentava il loro sangue. Il Machona ha litigato con una donna di colore che era andata a reclamare un paio di calzini ea scambiarsi una camicia; Augusta, floscia sull'asse del bucato, sembrava sciogliersi come sego; Leocadia di tanto in tanto lasciava cadere i vestiti e il sapone per grattarsi i pruriti sui fianchi e sull'inguine, che erano stati eccitati dal caldo; monologava la Strega, borbottando con un'insistenza idiota, accanto a Marciana che, con il suo aspetto da vecchia mulatta, la pipa all'angolo della bocca, cantava melodie monotone dal sertão: Sissies are banging. Florinda, felice, perfettamente a suo agio con l'asprezza del sole, rotolandosi senza fatica, fischiettava le grida e i lundus che si suonavano nella locanda, e accanto a lei, la malinconica signora Dona Isabel sospirava, strofinandosi automaticamente i vestiti nella vasca, come detenuto che lavora in carcere; mentre l'Albino, dimenando i suoi poveri fianchi come un linfatico, picchiettava un paio di calzoni sulla tavola, nel ritmo lento e cadenzato di un cuoco che batte bistecche. Tutto il suo corpo tremava, e di tanto in tanto si sollevava la sciarpa dal collo per asciugarsi la fronte, e poi un gemito sospirato gli saliva alle labbra. Dalla casella numero 8 veniva un falsetto acuto, ma intonato. Furono i Dolori che iniziarono il suo servizio; Non potevo stirare senza cantare. Al numero 7 Nenen canticchiava in una tonalità molto più bassa; e da una delle stanze sul retro della locanda, un'aspra nota di trombone proveniva da uno spazio all'altro. Il locandiere, mentre passava dietro a Florinda, che in quel momento stava raccogliendo i panni da terra, la schiaffeggiò sulla parte del corpo più in evidenza.
— Não bula, hein?!... gritou ela, rápido, erguendo-se tesa. E, dando com João Romão: — Eu logo vi. Leva implicando aqui com a gente e depois, vai-se comprar na venda, o safado rouba no peso! Diabo do galego Eu não te quero, sabe? O vendeiro soltou-lhe nova palmada com mais força e fugiu, porque ela se armara com um regador cheio de água. — Vem pra cá, se és capaz! Diabo da peste! João Romão já se havia afastado com o cavouqueiro. — O senhor tem aqui muita gente!... observou-lhe este. — Oh! fez o outro, sacudindo os ombros, e disse depois com empáfia: — Houvesse mais cem quartos que estariam cheios! Mas é tudo gente séria! Não há chinfrins nesta estalagem; se aparece uma rusga, eu chego, e tudo acaba logo! Nunca nos entrou cá a policia, nem nunca a deixaremos entrar! E olhe que se divertem bem com as suas violas! Tudo gente muita boa! Tinham chegado ao fim do pátio do cortiço e, depois de transporem uma porta que se fechava com um peso amarrado a uma corda, acharam-se no capinzal que havia antes da pedreira. — Vamos por aqui mesmo que é mais perto, aconselhou o vendeiro. E os dois, em vez de procurarem a estrada, atravessaram o capim quente e trescalante. — Non fare il bullo, eh?!... gridò, in fretta, alzandosi rigidamente. E, incontrando Joao Romão: —L'ho visto subito. Ci sta prendendo in giro qui e poi, se vai a comprarlo alla svendita, il bastardo te lo ruba al peso! Diabo do Galego non ti voglio, lo sai? Il locandiere la schiaffeggiò ancora con più forza e fuggì, perché aveva l'annaffiatoio pieno d'acqua. "Vieni qui, se puoi!" Diavolo della peste! Joao Romão era già partito con la scavatrice. — Hai un sacco di gente qui!... osservò questo. -OH! fece l'altro, alzando le spalle, e poi disse con simpatia: — Se ci fossero altre cento stanze sarebbero piene! Ma sono tutte persone serie! Non ci sono balze in questa locanda; se compare un colpo, io arrivo, e tutto finisce presto! La polizia non è mai entrata qui, né noi la lasceremo mai entrare! E guarda come si divertono con le loro viole! Tutte persone molto buone! Erano giunti in fondo al patio del caseggiato e, dopo aver varcato una porta chiusa con un peso legato a una corda, si trovarono nell'erba davanti alla cava. "Andiamo da questa parte, che è più vicina", consigliò il locandiere. E loro due, invece di cercare la strada, attraversarono l'erba calda e tremante.
Meio-dia em ponto. O sol estava a pino; tudo reverberava a luz irreconciliável de dezembro, num dia sem nuvens. A pedreira, em que ela batia de chapa em cima, cegava olhada de frente. Era preciso martirizar a vista para descobrir as nuanças da pedra; nada mais que uma grande mancha branca e luminosa, terminando pela parte de baixo no chão coberto de cascalho miúdo, que ao longe produzia o efeito de um betume cinzento, e pela parte de cima na espessura compacta do arvoredo, onde se não distinguiam outros tons mais do que nódoas negras, bem negras, sobre o verde-escuro. À proporção que os dois se aproximavam da imponente pedreira, o terreno ia-se tornando mais e mais cascalhudo; os sapatos enfarinhavam-se de uma poeira clara. Mais adiante, por aqui e por ali, havia muitas carroças, algumas em movimento, puxadas a burro e cheias de calhaus partidos; outras já prontas para seguir, à espera do animal, e outras enfim com os braços para o ar, como se acabassem de ser despejadas naquele instante. Homens labutavam. À esquerda, por cima de um vestígio de rio, que parecia ter sido bebido de um trago por aquele sol sedento, havia uma ponte de tábuas, onde três pequenos, quase nus, conversavam assentados, sem fazer sombra, iluminados a prumo pelo sol do meio-dia. Para adiante, na mesma direção, corria um vasto telheiro, velho e sujo, firmado sobre colunas de pedra tosca; ai muitos portugueses trabalhavam de canteiro, ao barulho metálico do picão que feria o granito. Logo em seguida, surgia uma oficina de ferreiro, toda atravancada de destroços e objetos quebrados, entre os quais avultavam rodas de carro; em volta da bigorna dois homens, de corpo nu, banhados de suor e alumiados de vermelho como dois diabos, martelavam cadenciosamente sobre um pedaço de ferro em brasa; e ali mesmo, perto deles, a forja escancarava uma goela infernal, de onde saiam pequenas línguas de fogo, irrequietas e gulosas. Mezzogiorno in punto. Il sole era alto; tutto riverberava della luce inconciliabile di dicembre, in un giorno senza nubi. La cava, che ha colpito con la sua lamiera in cima, era accecante se vista di fronte. Bisognava torturare gli occhi per scoprire le sfumature della pietra; nient'altro che una grande macchia bianca luminosa, terminante in basso nel terreno ricoperto di ghiaia fine, che da lontano produceva l'effetto di un bitume grigio, e in alto nello spessore compatto degli alberi, dove nessun altro tono si distinguevano più che lividi, nerissimi, sul verde scuro. Man mano che i due si avvicinavano all'imponente cava, il terreno si faceva sempre più ghiaioso; le scarpe erano infarinate di una polvere pallida. Più avanti, qua e là, c'erano molti carri, alcuni in movimento, tirati da asini e pieni di pietre rotte; altri già pronti a partire, in attesa dell'animale, e altri finalmente con le braccia in aria, come se fossero stati scaricati in quel momento. Gli uomini faticavano. A sinistra, sopra un vestigio di fiume, che pareva bevuto d'un fiato da quel sole assetato, c'era un ponte di assi, dove tre piccini, seminudi, sedevano parlando, senza gettare ombra, illuminati diritta dal sole del mattino mezzogiorno. Più avanti, nella stessa direzione, correva un vasto capannone, vecchio e sudicio, sostenuto da rozze colonne di pietra; lì, molti portoghesi lavoravano sugli scalpellini, al rumore metallico dei picconi che feriscono il granito. Poco dopo apparve la bottega di un fabbro, tutta ingombra di detriti e oggetti rotti, tra cui incombevano ruote di carri; Attorno all'incudine due uomini, nudi, madidi di sudore e rossi come due diavoli, battevano ritmicamente su un pezzo di ferro arroventato; e proprio lì, vicino a loro, la fucina spalancava una fauce infernale, da cui uscivano piccole lingue di fuoco, inquiete e avide.
João Romão parou à entrada da oficina e gritou para um dos ferreiros: — O Bruno! Não se esqueça do varal da lanterna do portão! Os dois homens suspenderam por um instante o trabalho. — Já lá fui ver, respondeu o Bruno. Não vale a pena consertá-lo; está todo comido de ferragem! Faz-se-lhe um novo, que é melhor! — Pois veja lá isso, que a lanterna está a cair! E o vendeiro seguiu adiante com o outro, enquanto atrás recomeçava o martelar sobre a bigorna. João Romão si fermò all'ingresso dell'officina e gridò a uno dei fabbri: —Bruno! Non dimenticare lo stendibiancheria per la lanterna del cancello! I due uomini sospesero per un attimo il loro lavoro. "Ci sono già stato" rispose Bruno. Non vale la pena ripararlo; è tutto consumato dall'hardware! Ne viene fatto uno nuovo, che è meglio! — Ebbene, guarda, la lanterna sta cadendo! E l'oste andava avanti con l'altro, mentre dietro di lui riprendeva a martellare sull'incudine.
Em seguida via-se uma miserável estrebaria, cheia de capim seco e excremento de bestas, com lugar para meia dúzia de animais. Estava deserta, mas, no vivo fartum exalado de lá, sentia-se que fora habitada ainda aquela noite. Havia depois um depósito de madeiras, servindo ao mesmo tempo de oficina de carpinteiro, tendo à porta troncos de arvore, alguns já serrados, muitas tábuas empilhadas, restos de cavernas e mastros de navio. Daí à pedreira restavam apenas uns cinqüenta passos e o chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída que sujava como a cal. Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folhas de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o coro dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a idéia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens gotejantes de suor, bêbados de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso, deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado a fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo. Poi c'era una misera stalla, piena di erba secca e di escrementi di animali, con posto per una mezza dozzina di animali. Era deserta, ma, nell'atmosfera vivace che vi si respirava, si sentiva che quella notte era stata abitata. C'era poi un magazzino di legname, che fungeva contemporaneamente da falegnameria, con tronchi d'albero alla porta, alcuni già segati, molte assi accatastate, resti di caverne e alberi di navi. Da lì alla cava erano solo una cinquantina di passi, e il terreno era già ricoperto di farina di pietra macinata, sporca come la calce. Qua, là, ovunque, c'erano lavoratori, alcuni al sole, altri sotto piccole tende di tela o di foglie di palma. Da un lato coniavano il canto della pietra; su un altro lo hanno rotto con un piccone; dall'altra modellavano lastre con la punta di un piccone; più avanti fecero dei parallelepipedi con scalpello e mazzuolo. E tutto quel clangore di arnesi, e il martellare della fucina, e il coro di quelli lassù che perforavano la roccia per darle fuoco, e il frastuono sordo in lontananza, che veniva dal caseggiato, come da un villaggio allarmato ; tutto dava l'idea di un'attività feroce, di una lotta per la vendetta e per l'odio. Quegli uomini grondanti di sudore, ubriachi di caldo, frenetici per i colpi di sole, che spezzavano, pungolavano, torturavano la pietra, sembravano un pugno di demoni rivoltati nella loro impotenza contro il gigante impassibile che li guardava dall'alto in basso con disprezzo, imperturbabile a tutti i colpi e colpi a tutti i colpi che gli cadevano sulla schiena, lasciando senza gemito le sue viscere granitiche. L'arto scavatore aveva raggiunto il pannolino dell'orgoglioso mostro di pietra; lo aveva faccia a faccia, lo misurava su e giù, con arroganza, in una muta sfida.
A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia de cordas que mesquinhamente lhe escorriam pela ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos, mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma humana equilibravam-se, desfechando golpes de picareta contra o gigante. O cavouqueiro meneou a cabeça com ar de lástima. O seu gesto desaprovava todo aquele serviço. — Veja lá! disse ele, apontando para certo ponto da rocha. Olhe para aquilo! Sua gente tem ido às cegas no trabalho desta pedreira. Deviam atacá-la justamente por aquele outro lado, para não contrariar os veios da pedra. Esta parte aqui é toda granito, é a melhor! Pois olhe só o que eles têm tirado de lá — umas lascas, uns calhaus que não servem para nada! É uma dor de coração ver estragar assim uma peça tão boa! Agora o que hão de fazer dessa cascalhada que ai está senão macacos? E brada aos céus, creia! ter pedra desta ordem para empregá-la em macacos! O vendeiro escutava-o em silêncio, apertando os beiços, aborrecido com a idéia daquele prejuízo. La cava ha mostrato il suo lato più imponente da questo punto di vista. Scomposta, con il fianco sfregiato esposto al sole, si ergeva alta e impavida, rivolta verso il cielo, ripidissima, liscia, scottante e piena di corde che percorrevano avare la sua ciclopica nudità con l'effetto di ragnatele. In certi punti, molto in alto rispetto al suolo, vi erano stati conficcati dei perni di ferro, che sostenevano, sopra un precipizio, misere assi che, viste dal basso, sembravano bastoni, ma sopra le quali si tenevano in equilibrio alcuni arditi pigmei in forma umana, scatenando colpi di piccone contro il gigante. Il cavaliere scosse la testa con aria di pietà. Il suo gesto disapprovava tutto quel servizio. - Guarda lì! disse, indicando un certo punto sulla roccia. Guarda quello! La tua gente ha lavorato alla cieca in questa cava. Dovevano attaccarlo proprio da quell'altro lato, per non contraddire le venature della pietra. Questa parte qui è tutta in granito, è la migliore! Bene, guarda cosa hanno tirato fuori da lì: qualche scheggia, qualche sassolino inutile! Mi duole il cuore vedere un pezzo così bello rovinato in quel modo! Ora cosa se ne fanno di quella ghiaia che c'è se non delle scimmie? E grida al cielo, credimi! avere una pietra di questo ordine per usarla sulle scimmie! Il locandiere lo ascoltò in silenzio, serrando le labbra, infastidito all'idea di un simile danno.
— Uma porcaria de serviço! continuou o outro. Ali onde está aquele homem é que deviam ter feito a broca, porque a explosão punha abaixo toda esta aba que é separada por um veio. Mas quem tem ai o senhor capaz de fazer isso? Ninguém; porque é preciso um empregado que saiba o que faz; que, se a pólvora não for muito bem medida, nem só não se abre o veio, como ainda sucede ao trabalhador o mesmo que sucedeu ao outro! É preciso conhecer muito bem o trabalho para se poder tirar partido vantajoso desta pedreira! Boa é ela, mas não nas mãos em que está! É muito perigosa nas explosões; é muito em pé! Quem lhe lascar fogo não pode fugir senão para cima pela corda, e se o sujeito não for fino leva-o o demo! Sou eu quem o diz! E depois de uma pausa, acrescentou, tomando na sua mão, grossa como o próprio cascalho, um paralelepípedo que estava no chão: — Que digo eu?! Cá está! Macacos de granito! Isto até é uma coisa que estes burros deviam esconder por vergonha! Acompanhando a pedreira pelo lado direito e seguindo-a na volta que ela dava depois, formando um ângulo obtuso, é que se via quanto era grande. Suava-se bem antes de chegar ao seu limite com a mata. — Que mina de dinheiro!... dizia o homenzarrão, parando entusiasmado defronte do novo pano de rocha viva que se desdobrava na presença dele. — Toda esta parte que se segue agora, declarou João Romão, ainda não é minha. "Dannato servizio!" continuò l'altro. Lì, dov'è quell'uomo, avrebbero dovuto fare il trapano, perché l'esplosione ha fatto cadere tutto questo lembo, che è separato da una vena. Ma chi sei capace di farlo? Nessuno; perché hai bisogno di un dipendente che sappia il fatto suo; che, se la polvere da sparo non è molto ben dosata, non solo la vena non si apre, ma accade all'operaio la stessa cosa che avvenne all'altro! Devi conoscere molto bene il lavoro per poter sfruttare questa cava! Brava è lei, ma non nelle mani in cui si trova! È molto pericoloso nelle esplosioni; è molto in piedi! Chi gli lancia il fuoco può solo scappare verso l'alto lungo la corda, e se il soggetto non è furbo, il demone lo prende! Sono io che lo dico! E dopo una pausa aggiunse, prendendo in mano, denso come la ghiaia stessa, un ciottolo che era per terra: —Ma che dico?! Ecco qui! Scimmie di granito! Questo è anche qualcosa che questi asini dovrebbero nascondere per vergogna! Seguendo la cava sul lato destro e percorrendola sul sentiero che prendeva dopo, formando un angolo ottuso, si vedeva quanto fosse grande. Stava sudando molto prima di raggiungere il suo limite con la foresta. —Che miniera di denaro!... disse l'omone, fermandosi entusiasta davanti al nuovo foglio di roccia viva che si stava dispiegando in sua presenza. — Tutta questa parte che segue ora, dichiarò João Romão, non è ancora mia.
E continuaram a andar para diante. Deste lado multiplicavam-se as barraquinhas; os macaqueiros trabalhavam à sombra delas, indiferentes àqueles dois. Viam-se panelas ao fogo, sobre quatro pedras, ao ar livre, e rapazitos tratando do jantar dos pais. De mulher nem sinal. De vez em quando, na penumbra de um ensombro de lona, dava-se com um grupo de homens, comendo de cócoras defronte uns dos outros, uma sardinha na mão esquerda, um pão na direita, ao lado de uma garrafa de água. — Sempre o mesmo serviço malfeito e mal dirigido!... resmungou o cavouqueiro. Entretanto, a mesma atividade parecia reinar por toda a parte. Mas, lá no fim, debaixo dos bambus que marcavam o limite da pedreira, alguns trabalhadores dormiam à sombra, de papo para o ar, a barba espetando para o alto, o pescoço intumescido de cordoveias grossas como enxárcias de navio, a boca aberta, a respiração forte e tranqüila de animal sadio, num feliz e pletórico resfolgar de besta cansada. E hanno continuato a camminare in avanti. Da questa parte si moltiplicavano le bancarelle; le scimmie lavoravano alla loro ombra, indifferenti a quei due. C'erano pentole che bruciavano su quattro pietre all'aria aperta e ragazzini che si occupavano della cena dei genitori. Nessun segno di una donna. Di tanto in tanto, all'ombra di un telone, incontrava un gruppo di uomini, accovacciati a mangiare uno di fronte all'altro, una sardina nella mano sinistra, un pezzo di pane nella destra, accanto a una bottiglia di acqua. «Sempre lo stesso lavoro mal riuscito e maldestro!» brontolò lo scavatore. Tuttavia, la stessa attività sembrava regnare ovunque. Ma, in fondo, sotto i bambù che delimitavano il bordo della cava, alcuni operai dormivano all'ombra, con la testa all'aria, la barba ritta, il collo gonfio di corde spesse come sartie di navi, le loro bocche aperte, il respiro forte e calmo di un animale sano, nello sbuffo felice e pletorico di una bestia stanca.
— Que relaxamento! resmungou de novo o cavouqueiro. Tudo isto está a reclamar um homem teso que olhe a sério para o serviço! — Eu nada tenho que ver com este lado! observou Romão. — Mas lá da sua banda hão de fazer o mesmo! Olará! — Abusam, porque tenho de olhar pelo negócio lá fora... — Comigo aqui é que eles não fariam cera. isso juro eu! Entendo que o empregado deve ser bem pago, ter para a sua comida à farta, o seu gole de vinho, mas que deve fazer serviço que se veja, ou, então, rua! Rua, que não falta por ai quem queira ganhar dinheiro! Autorize-me a olhar por eles e verá! — O diabo é que você quer setenta mil-réis... suspirou João Romão. — Ah! nem menos um real!... Mas comigo aqui há de ver o que lhe faço entrar para algibeira! Temos cá muita gente que não precisa estar. Para que tanto macaqueiro, por exemplo? Aquilo é serviço para descanso; é serviço de criança! Em vez de todas aquelas lesmas, pagas talvez a trinta mil-réis... — É justamente quanto lhes dou. — ... melhor seria tomar dois bons trabalhadores de cinqüenta, que fazem o dobro do que fazem aqueles monos e que podem servir para outras coisas! Parece que nunca trabalharam! Olhe, é já a terceira vez que aquele que ali está deixa cair o escopro! Com efeito! João Romão ficou calado, a cismar, enquanto voltavam. Vinham ambos pensativos. — E você, se eu o tomar, disse depois o vendeiro, muda-se cá para a estalagem?... — Naturalmente! não hei de ficar lá na cidade nova, tendo o serviço aqui!... — E a comida, forneço-a eu?... — Isso é que a mulher é quem a faz; mas as compras saem-lhe da venda... — Pois está fechado o negócio! deliberou João Romão, convencido de que não podia, por economia, dispensar um homem daqueles. E pensou lá de si para si: “Os meus setenta mil-réis voltar-me-ão à gaveta. Tudo me fica em casa!” — Então estamos entendidos?... — Estamos entendidos! — Posso amanhã fazer a mudança? — Hoje mesmo, se quiser; tenho um cômodo que lhe há de calhar. É o número 35. Vou mostrar-lho. E aligeirando o passo, penetraram na estrada do capinzal com direção ao fundo do cortiço. — Ah! é verdade! como você se chama? — Jerônimo, para o servir. — Servir a Deus. Sua mulher lava? — É lavadeira, sim senhor. — Bem, precisamos ver-lhe uma tina. E o vendeiro empurrou a porta do fundo da estalagem, de onde escapou, como de uma panela fervendo que se destapa, uma baforada quente, vozeria tresandante à fermentação de suores e roupa ensaboada secando ao sol. — Che relax! brontolò di nuovo il cavaliere. Tutto questo richiede un uomo che lavora sodo e che prende sul serio il servizio! "Non ho niente a che fare con questo lato!" Romano osservato. — Ma da parte tua faranno lo stesso! Ciao! — Ne abusano, perché devo occuparmi degli affari fuori... — Con me qui, non farebbero la cera. questo lo giuro! Capisco che un impiegato deve essere ben pagato, avere cibo in abbondanza, un sorso di vino, ma deve fare molto lavoro, altrimenti è fuori! Street, là fuori non mancano le persone che vogliono guadagnare soldi! Autorizzami a guardarli e vedrai! "Il diavolo è che vuoi settanta milreis..." sospirò Joao Romão. - OH! non proprio di meno!... Ma con me qui, dovrai vedere cosa posso fare per te! Abbiamo un sacco di gente qui che non ha bisogno di esserlo. Perché così tante scimmie, per esempio? Questo è il servizio per il riposo; è il servizio all'infanzia! Invece di tutte quelle lumache, pagate forse trenta milreis... —È esattamente quanto gli do. —... sarebbe meglio prendere due bravi lavoratori su cinquanta, che fanno il doppio di quelle scimmie e che possono essere usati per altre cose! Sembra che non abbiano mai funzionato! Guarda, questa è la terza volta che quello lì in piedi lascia cadere lo scalpello! Infatti! João Romão rimase in silenzio, meditabondo, mentre tornavano. Erano entrambi pensierosi. —E tu, se accetto, disse poi l'oste, ti trasferiresti qui all'osteria?... —Certo! Non starò lì nella nuova città, a fare il servizio qui!... —E il cibo, lo provvedo io?... —Così fa la donna; ma gli acquisti vengono dalla vendita... — Bene, l'affare è chiuso! decise João Romão, convinto di non poter fare a meno, per motivi economici, di un uomo così. E pensava tra sé: “I miei settanta milreis torneranno nel mio cassetto. Resta tutto a casa!” — Allora siamo chiari?... — Siamo chiari! — Posso fare il cambio domani? “Oggi, se vuoi; Ho una stanza che fa per te. È il numero 35. Te lo faccio vedere. E alleggerendo il passo, entrarono nella strada erbosa verso la fine del caseggiato. - OH! e verità! Come ti chiami? — Jeronimo, per servirlo. — Servire Dio. Tua moglie si lava? — È una lavandaia, sì signore. “Bene, dobbiamo vederti una vasca. E l'oste spinse la porta in fondo all'osteria, dalla quale usciva, come da un pentolone scoperto, un alito caldo, un ruggito che sapeva di fermentazione di sudore e panni insaponati che si asciugavano al sole.

contatto consenso al trattamento dei dati personali informazione legale