A escrava Isaura

capitolo 1 capitolo 2 capitolo 3 capitolo 4 capitolo 5 capitolo 6 capitolo 7 capitolo 8 capitolo 9 capitolo 10 capitolo 11
capitolo 12 capitolo 13 capitolo 14 capitolo 15 capitolo 16 capitolo 17 capitolo 18 capitolo 19 capitolo 20 capitolo 21 capitolo 22





Leôncio impaciente e com o coração ardendo nas chamas de uma paixão febril e delirante não podia resignar-se a adiar por mais tempo a satisfação de seus libidinosos desejos. Vagando daqui para ali por toda a casa como quem dava ordens para reformar o serviço doméstico, que dai em diante ia correr todo por sua conta, não fazia mais do que espreitar todos os movimentos de Isaura, procurando ocasião de achá-la a sós para insistir de novo e com mais força em suas abomináveis pretensões. De uma janela viu as escravas fiandeiras atravessarem o pátio para irem jantar, e notou a ausência de Isaura.
Leôncio, impaziente e con il cuore ardente tra le fiamme di una passione febbrile e delirante, non poteva rassegnarsi a rimandare ulteriormente la soddisfazione dei suoi desideri libidinosi. Girovagando di qua e di là per la casa come a dare ordini per riformare il servizio domestico, che da quel momento in poi avrebbe fatto tutto da solo, non faceva altro che spiare ogni mossa di Isaura, cercando l'occasione per trovarla sola per insistere ancora e con più forza sulle loro abominevoli pretese. Da una finestra vide gli schiavi filatori attraversare il cortile per andare a cena, e si accorse dell'assenza di Isaura.

— Bom!... vai tudo às mil maravilhas, murmurou Leôncio com satisfação; nesse momento passava-lhe pela mente a feliz lembrança de mandar o feitor levar as outras escravas para o cafezal, ficando ele quase a sós com Isaura no meio daqueles vastos e desertos edifícios.
"Bene!... Va tutto bene," mormorò soddisfatto Leôncio; In quel momento gli attraversò la mente il felice ricordo di aver mandato il sorvegliante a portare gli altri schiavi alla piantagione di caffè, lasciandolo quasi solo con Isaura in mezzo a quegli edifici vasti e deserti.

— Dir-me-ão que, sendo Isaura uma escrava, Leôncio, para achar-se a sós com ela não precisava de semelhantes subterfúgios, e nada mais tinha a fazer do que mandá-la trazer à sua presença por bem ou por mal. Decerto ele assim podia proceder, mas não sei que prestígio tem, mesmo em uma escrava, a beleza unida à nobreza da alma, e à superioridade da inteligência, que impõe respeito aos entes ainda os mais perversos e corrompidos. Por isso Leôncio, a despeito de todo o seu cinismo e obcecação, não podia eximir-se de render no fundo d'alma certa homenagem à beleza e virtudes daquela escrava excepcional, e de tratá-la com mais alguma delicadeza do que às outras.
"Mi diranno che, siccome Isaura era una schiava, Leonzio, per ritrovarsi solo con lei, non ebbe bisogno di simili sotterfugi, e non ebbe altro da fare che ordinare che gliela portassero davanti con l'amo o con truffatore." Certo avrebbe potuto farlo, ma non so che prestigio abbia, anche in uno schiavo, la bellezza unita alla nobiltà d'animo, e la superiorità dell'intelligenza, che incute rispetto anche agli esseri più perversi e corrotti. Per questo Leonzio, nonostante tutto il suo cinismo e la sua ossessione, non poteva trattenersi dal rendere un certo tributo nel profondo della sua anima alla bellezza e alle virtù di quella schiava eccezionale, e dal trattarla con un po' più di delicatezza delle altre.

— Isaura, — disse Leôncio, continuando o diálogo que deixamos apenas encetado, — fica sabendo que agora a tua sorte está inteiramente entre as minhas mãos. — Sempre esteve, senhor, — respondeu humildemente Isaura. — Agora mais que nunca. Meu pai é falecido, e não ignoras que sou eu o seu único herdeiro. Malvina por motivos, que sem dúvida terás adivinhado, acaba de abandonar-me, e retirou-se para a casa de seu pai. Sou eu, pois, que hoje unicamente governo nesta casa, e disponho do teu destino. Mas também, Isaura, de tua vontade unicamente depende a tua felicidade ou a tua perdição. — De minha vontade!... oh! não, senhor; minha sorte depende unicamente da vontade de meu senhor.
"Isaura", disse Leôncio, continuando la conversazione che avevamo appena iniziato, "sappi che ora il tuo destino è interamente nelle mie mani." «Lo è sempre stato, signore», rispose docilmente Isaura. "Adesso più che mai. Mio padre è morto e sai che sono il suo unico erede. Malvina, per ragioni che senza dubbio avrai intuito, mi ha appena abbandonato e si è ritirata a casa di suo padre. Sono io, dunque, che oggi da solo governi questa casa, e dispongo del tuo destino. Ma anche, Isaura, solo dalla tua volontà dipende la tua felicità o il tuo destino. "Per mio volere!... oh!" no signore; il mio destino dipende esclusivamente dalla volontà del mio signore.

— E eu bem desejo - replicou Leôncio com a mais terna inflexão de voz, — com todas as forças de minha alma, tornar-te a mais feliz das criaturas; mas como, se me recusas obstinadamente a felicidade, que tu, só tu me poderias dar?... — Eu, senhor?! oh! por quem é, deixe a humilde escrava em seu lugar; lembre-se da senhora D. Malvina, que é tão formosa, tão boa, e que tanto lhe quer bem. É em nome dela que lhe peço, meu senhor; deixe de abaixar seus olhos para uma pobre cativa, que em tudo está pronta para lhe obedecer, menos nisso, que o senhor exige...
"E io desidero molto", rispose Leonzio, con la più tenera inflessione della sua voce, "con tutta la forza della mia anima, renderti la più felice delle creature; ma come, se mi rifiuti ostinatamente la felicità che tu, solo tu potevi darmi?... —Io, signore?! OH! per chi è, lascia l'umile schiava al suo posto; ricordati della signora D. Malvina, che è così bella, così buona, e che ti vuole tanto bene. È in suo nome che ti chiedo, mio ​​signore; smettila di abbassare gli occhi su un povero prigioniero, che è pronto ad obbedirti in tutto, fuorché in ciò che il signore richiede...

— Escuta, Isaura; és muito criança, e não sabes dar ás coisas o devido peso. Um dia, e talvez já tarde, te arrependerás de ter rejeitado o meu amor., — Nunca! - exclamou Isaura. — Eu cometeria uma traição infame para com minha senhora, se desse ouvidos às palavras amorosas de meu senhor. — Escrúpulos de criança!... escuta ainda, Isaura. Minha mãe vendo a tua linda figura e a viveza de teu espírito, — talvez por não ter filha alguma, — desvelouse em dar-te uma educação, como teria dado a uma filha querida. Ela amava-te extremosamente, e se não deu-te a liberdade foi com o receio de perder-te; foi para conservar-te sempre junto de si. Se ela assim procedia por amor, como posso eu largar-te de mão, eu que te amo com outra sorte de amor muito mais ardente e exaltado, um amor sem limites, um amor que me levará à loucura ou ao suicídio, se não... mas que estou a dizer!... Meu pai, — Deus lhe perdoe, – levado por uma sórdida avareza, queria vender tua liberdade por um punhado de ouro, como se houvesse ouro no mundo que valesse os inestimáveis encantos, de que os céus te dotaram. — Profanação!... eu repeliria, como quem repele um insulto, todo aquele que ousasse vir oferecer-me dinheiro pela tua liberdade. Livre és tu, porque Deus não podia formar um ente tão perfeito para votá-lo à escravidão. Livre és tu, porque assim o queria minha mãe, e assim o quero eu. Mas, Isaura, o meu amor por ti é imenso; eu não posso, eu não devo abandonar-te ao mundo. Eu morreria de dor, se me visse forçado a largar mão da jóia inestimável, que o céu parece ter-me destinado, e que eu há tanto tempo rodeio dos mais ardentes anelos de minha alma...
— Ascolta, Isaura; sei troppo giovane e non sai dare alle cose il giusto peso. Un giorno, e forse troppo tardi, ti pentirai di aver rifiutato il mio amore., — Mai! - esclamò Isaura. «Commetterei un vergognoso tradimento alla mia signora se prestassi ascolto alle parole d'amore del mio signore. —Scrupoli di bambini!... Ascolta ancora, Isaura. Mia madre, vedendo la tua bella figura e la vivacità del tuo animo, forse perché non aveva figlia, ebbe cura di darti un'educazione, come avrebbe dato una figlia amata. Ti amava teneramente, e se non ti ha dato la libertà, è stato per paura di perderti; era per tenerti sempre vicino a lui. Se si è comportata così per amore, come potrei lasciare la tua mano, io che ti amo di un altro amore molto più ardente ed esaltato, un amore senza limiti, un amore che mi porterà alla follia o al suicidio, se no. incantesimi, di cui i cieli ti hanno dotato. — Profanazione!... Rifiuterei, come si rifiuta un insulto, chiunque osasse venire a offrirmi denaro per la tua libertà. Liberi siete voi, perché Dio non potrebbe formare un essere così perfetto da consegnarlo in schiavitù. Sei libero, perché così lo voleva mia madre, ed è così che lo voglio io. Ma, Isaura, il mio amore per te è immenso; Non posso, non devo abbandonarti al mondo. Morirei di dolore se fossi costretto a lasciare andare il gioiello inestimabile che il Cielo sembra avermi destinato, e che per tanto tempo ho circondato dai desideri più ardenti della mia anima...

— Perdão, senhor; eu não posso compreendé-lo; diz-me que sou livre, e não permite que eu vá para onde quiser, e nem ao menos que eu disponha livremente de meu coração?! — Isaura, se o quiseres, não serás somente livre; serás a senhora, a deusa desta casa. Tuas ordens, quaisquer que sejam, os teus menores caprichos serão pontualmente cumpridos; e eu, melhor do que faria o mais terno e o mais leal dos amantes, te cercarei de todos os cuidados e carinhos, de todas as adorações, que sabe inspirar o mais ardente e inextinguível amor. Malvina me abandona!... tanto melhor! em que dependo eu dela e de seu amor, se te possuo?! Quebrem-se de uma vez para sempre esses laços urdidos pelo interesse! esqueça-se para sempre de mim, que eu nos braços de minha Isaura encontrarei sobeja ventura para poder lembrar-me dela.
“Chiedo scusa, signore; Non posso capirlo; dimmi che sono libero, e non mi permetti di andare dove voglio, o addirittura mi lasci disporre liberamente del mio cuore?! — Isaura, se lo vuoi, non sarai solo libera; sarai l'amante, la dea di questa casa. I tuoi ordini, qualunque essi siano, i tuoi minimi capricci saranno puntualmente esauditi; ed io, meglio del più tenero e leale degli innamorati, ti circonderò di tutta la cura e dell'affetto, di tutta l'adorazione, che sa ispirare l'amore più ardente e inestinguibile. Malvina mi abbandona!... tanto meglio! da cosa dipendo da lei e dal suo amore, se ti possiedo?! Spezza una volta per tutte questi legami intessuti dall'interesse! dimenticami per sempre, che io tra le braccia della mia Isaura troverò abbastanza felicità da poterla ricordare.

— O que o senhor acaba de dizer me horroriza. Como se pode esquecer e abandonar ao desprezo uma mulher tão amante e carinhosa, tão cheia de encantos e virtudes, como sinhá Malvina? Meu senhor, perdoe-me se lhe falo com franqueza; abandonar uma mulher bonita, fiel e virtuosa por amor de uma pobre escrava, seria a mais feia das ingratidões.
«Quello che hai appena detto mi fa orrore. Come dimenticare e abbandonare al disprezzo una donna così amorevole e affettuosa, così piena di fascino e virtù, come la signorina Malvina? Mio signore, perdonatemi se vi parlo francamente; Abbandonare una donna bella, fedele e virtuosa per amore di un povero schiavo sarebbe la più brutta delle ingratitudini.

A tão severa e esmagadora exprobração, Leôncio sentiu revoltar-se o seu orgulho. escrava insolente! — bradou cheio de cólera. – Que eu suporte sem irritarme os teus desdéns e repulsas, ainda vá: mas repreensões!... com quem pensas tu que falas?... — Perdão! senhor!... exclamou Isaura aterrada e arrependida das palavras que lhe tinham escapado.
A un rimprovero così severo e schiacciante, Leonzio sentì il suo orgoglio rivoltarsi. schiavo insolente! ruggì, pieno di rabbia. – Posso sopportare il tuo sdegno e la tua ripugnanza senza irritarmi, vai ancora: ma rimproveri!... con chi credi di parlare?... - Scusami! Signore!... esclamò Isaura, atterrita e pentita delle parole che le erano sfuggite.

— E, entretanto, se te mostrasses mais branda comigo... mas não, é muito aviltar-me diante de uma escrava; que necessidade tenho eu de pedir aquilo que de direito me pertence? Lembra-te, escrava ingrata e rebelde, que em corpo e alma me pertences, a mim só e a mais ninguém. És propriedade minha; um vaso, que tenho entre as minhas mãos e que posso usar dele ou despedaçá-lo a meu sabor. — Pode despedaçá-lo, meu senhor; bem o sei; mas, por piedade, não queira usar dele para fins impuros e vergonhosos. A escrava também tem coração, e não é dado ao senhor querer governar os seus afetos. — Afetos!... quem fala aqui em afetos?! Podes acaso dispor deles?... — Não, por certo, meu senhor; o coração é livre; ninguém pode escravizálo, nem o próprio dono.
“E intanto, se tu fossi più indulgente con me... ma no, è troppo umiliarmi davanti a uno schiavo; che bisogno ho di chiedere ciò che mi spetta di diritto? Ricordati, schiavo ingrato e ribelle, che corpo e anima appartieni a me, a me solo ea nessun altro. Tu sei la mia proprietà; un vaso, che tengo tra le mani e che posso usare o rompere a mio piacimento. «Puoi farlo a pezzi, mio ​​signore; lo so bene; ma, per pietà, non volerne adoperare per fini impuri e vergognosi. Anche lo schiavo ha un cuore, e al padrone non è dato di voler governare i suoi affetti. — Affetti!... chi parla qui di affetti?! Potete forse sbarazzarvene?... —No, certo, milord; il cuore è libero; nessuno può renderlo schiavo, nemmeno il proprietario stesso.

— Todo o teu ser é escravo; teu coração obedecerá, e se não cedes de bom grado, tenho por mim o direito e a força... mas para quê? para te possuir não vale a pena empregar esses meios extremos. —Os instintos do teu coração são rasteiros e abjetos como a tua condição; para te satisfazer far-te-ei mulher do mais vil, do mais hediondo de meus negros. — Ah! senhor! bem sei de quanto é capaz. Foi assim que seu pai fez morrer de desgosto e maus-tratos a minha pobre mãe; já vejo que me é destinada a mesma sorte. Mas fique certo de que não me faltarão nem os meios nem a coragem para ficar para sempre livre do senhor e do mundo.
- Tutto il tuo essere è uno schiavo; il tuo cuore obbedirà, e se non cedi volentieri, io ho il diritto e la forza... ma perché? per possederti non vale la pena usare questi mezzi estremi. —Gli istinti del tuo cuore sono vili e abbietti come la tua condizione; per accontentarti ti farò moglie del più vile, del più odioso dei miei negri. - OH! Signore! So quanto sei capace di fare. È così che tuo padre ha fatto morire di dolore e di maltrattamenti la mia povera madre; Vedo già che lo stesso destino è destinato a me. Ma stai certo che non mi mancheranno né i mezzi né il coraggio per essere per sempre libero da te e dal mondo.

— Oh! — exclamou Leôncio com satânico sorriso, — já chegaste a tão subido grau de exaltação e romantismo!... isto em uma escrava não deixa de ser curioso. Eis o proveito que se tira de dar educação a tais criaturas! Bem mostras que és uma escrava, que vives de tocar piano e ler romances. Ainda bem que me preveniste; eu saberei gelar a ebulição desse cérebro escaldado. Escrava rebelde e insensata, não terás mãos nem pés para pôr em prática teus sinistros intentos. Olá, André, — bradou ele e apitou com força no cabo do seu chicote.
-OH! — esclamò Leôncio con un sorriso satanico, — hai già raggiunto un così alto grado di esaltazione e di romanticismo!... questo in uno schiavo è curioso. Questo è il vantaggio di dare un'istruzione a tali creature! Dimostri di essere uno schiavo, di vivere suonando il pianoforte e leggendo romanzi. Sono contento che tu mi abbia avvertito; Saprò come congelare l'ebollizione di questo cervello scottato. Schiavo ribelle e stolto, non avrai né mani né piedi per mettere in pratica le tue sinistre intenzioni. Ciao, André," chiamò e fischiò forte sul manico della sua frusta.

— Senhor! — bradou de longe o pajem, e um instante depois estava em presença de Leôncio. — André, — disse-lhe este com voz seca e breve — traze-me já aqui um tronco de pés e algemas com cadeado. — Virgem santa! — murmurou consigo André espantado. – Para que será tudo isto?... ah! pobre Isaura!... — Ah! meu senhor, por piedade! — exclamou Isaura, caindo de joelhos aos pés de Leôncio, e levantando as mãos ao céu em contorções de angústia; pelas cinzas ainda quentes de seu pai, há poucos dias falecido, pela alma de sua mãe, que tanto lhe queria, não martirize a sua infeliz escrava. Acabrunhe-me de trabalhos, condene-me ao serviço o mais grosseiro e pesado, que a tudo me sujeitarei sem murmurar; mas o que o senhor exige de mim, não posso, não devo fazê-lo, embora deva morrer. "Herr!", rief von weitem der Page und einen Moment später stand er vor Leôncio.
- Signore! gridò da lontano il paggio, e un attimo dopo era alla presenza di Leonzio. — André, — disse quest'ultimo con voce secca e breve — portami un torso di piedi e manette con lucchetto. — Santa Vergine! André mormorò a se stesso stupito. – A cosa servirà tutto questo?... ah! povera Isaura!... —Ah! mio signore, per pietà! esclamò Isaura, cadendo in ginocchio ai piedi di Leôncio, e alzando le mani al cielo in contorsioni di angoscia; per le ceneri ancora calde di tuo padre, morto da pochi giorni, per l'anima di tua madre, che ti amava tanto, non torturare il tuo disgraziato schiavo. Sopraffami con il lavoro, condannami al servizio più grossolano e più pesante, che mi sottoporrò a tutto senza mormorare; ma quello che mi chiedi, non posso, non devo farlo, anche se devo morire. "Herr!", Rief von weitem der Page und einen Moment später stand er vor Leôncio.

— Bem me custa tratar-te assim, mas tu mesma me obrigas a este excesso. Bem vês que me não convém por modo nenhum perder uma escrava como tu és. Talvez ainda um dia me serás grata por ter-te impedido de matar-te a ti mesma. — Será o mesmo! — bradou Isaura levantando-se altiva, e com o acento rouco e trémulo da desesperação, — não me matarei por minhas próprias mãos, mas morrerei às mãos de um carrasco.
— Mi addolora trattarti così, ma tu stesso mi costringi a questo eccesso. Vedi che non mi va affatto bene perdere uno schiavo come te. Forse un giorno mi sarai grato per averti impedito di ucciderti. "Sarà lo stesso!" — gridò Isaura, alzandosi altezzosamente, e con l'accento rauco e tremulo della disperazione, — Non mi ucciderò con le mie stesse mani, ma morirò per mano di un carnefice.

Neste momento chega André trazendo o tronco e as algemas, que deposita sobre um banco, e retira-se imediatamente. Ao ver aqueles bárbaros e aviltantes instrumentos de suplício turvaram-se os olhos a Isaura, o coração se lhe enregelou de pavor, as pernas lhe desfaleceram, caiu de joelhos e debruçando-se sobre o tamborete, em que fiava, desatou uma torrente de lágrimas.
In quel momento arriva André portando il torso e le manette, che deposita su una panca, e se ne va subito. Alla vista di quei barbari e avvilenti strumenti di tortura, gli occhi di Isaura si rannuvolarono, il suo cuore si gelò per la paura, le gambe le cedettero, cadde in ginocchio e chinandosi sullo sgabello su cui si appoggiava, scatenò un torrente di lacrime. .

— Alma de minha sinhá velha! — exclamou com voz entrecortada de soluços, — valei-me nestes apuros; valei-me lá do céu, onde estais, como me valíeis cá na Terra. — Isaura, — disse Leôncio com voz áspera apontando para os instrumentos de suplício, — eis ali o que te espera, se persistes em teu louco emperramento. Nada mais tenho a dizer-te; deixo-te livre ainda, e fica-te o resto do dia para refletires. Tens de escolher entre o meu amor e o meu ódio. Qualquer dos dois, tu bem sabes, são violentos e poderosos. Adeus!...
— Anima della mia vecchia missha! — esclamò con voce rotta dai singhiozzi, — ho approfittato di queste difficoltà; L'ho usato dal cielo, dove sei tu, come hai usato me qui sulla Terra. "Isaura," disse Leôncio con voce aspra, indicando gli strumenti di tortura, "ecco cosa ti aspetta, se persisti nella tua folle impasse." Non ho altro da dirti; Ti lascio ancora libero e hai il resto della giornata per riflettere. Devi scegliere tra il mio amore e il mio odio. Entrambi, lo sai bene, sono violenti e potenti. Arrivederci!...

Quando Isaura sentiu que seu senhor se havia ausentado, ergueu o rosto, e levantando ao céu os olhos e as mãos juntas, dirigiu à Rainha dos anjos a seguinte fervorosa prece, exalada entre soluços do mais íntimo de sua alma:
Quando Isaura sentì che il suo signore era assente, alzò il viso e, alzando gli occhi e le mani giunte al cielo, rivolse alla Regina degli angeli la seguente fervida preghiera, esalata tra i singhiozzi dal profondo della sua anima:

— Virgem senhora da Piedade, Santíssima Mãe de Deus!... vós sabeis se eu sou inocente, e se mereço tão cruel tratamento. Socorrei-me neste transe aflitivo, porque neste mundo ninguém pode valer-me. — Livrai-me das garras de um algoz, que ameaça não só a minha vida, como a minha inocência e honestidade. Iluminailhe o espírito e infundi-lhe no coração brandura e misericórdia para que se compadeça de sua infeliz cativa. É uma humilde escrava que com as lágrimas nos olhos e a dor no coração vos roga pelas vossas dores sacrossantas, pelas chagas de vosso Divino Filho: valei-me por piedade.
— Vergine Signora di Piedade, Santissima Madre di Dio!... tu sai se sono innocente, e se merito un trattamento così crudele. Mi sono aiutato in questa trance afflittiva, perché in questo mondo nessuno può aiutarmi. — Liberami dalle grinfie di un carnefice, che minaccia non solo la mia vita, ma anche la mia innocenza e onestà. Illumina il suo spirito e infondi il suo cuore di tenerezza e misericordia perché abbia compassione del suo sfortunato prigioniero. È un'umile schiava che, con le lacrime agli occhi e il dolore nel cuore, ti supplica per le tue sacrosante pene, per le piaghe del tuo Divin Figlio: aiutami per pietà.

Quanto Isaura era formosa naquela suplicante e angustiosa atitude! oh! muito mais bela do que em seus momentos de serenidade e prazer!... se a visse então, Leôncio talvez sentisse abrandar-se o férreo e obcecado coração. Com os olhos arrasados em lágrimas, que em fio lhe escorregavam pelas faces desbotadas, entreaberta a boca melancólica, que lhe tremia ao passar da prece murmurada entre soluços, atiradas em desordem pelas espáduas as negras e opulentas madeixas, voltando para o céu o busto mavioso plantado sobre um colo escultural, ofereceria ao artista inspirado o mais belo e sublime modelo para a efígie da Mãe Dolorosa, a quem nesse momento dirigia suas ardentes súplicas. Os anjos do céu, que por certo naquele instante adejavam em torno dela agitando as asas de ouro e carmim, não podiam deixar de levar tão férvida e dolorosa prece aos pés do trono da Consoladora dos aflitos. Absorvida em suas mágoas Isaura não viu seu pai, que, entrando pelo salão a passos sutis e cautelosos, encaminhava-se para ela.
Com'era bella Isaura in quell'atteggiamento supplichevole e angoscioso! OH! molto più bella che nei suoi momenti di serenità e di piacere!... se la vedesse allora, Leôncio forse si sentirebbe addolcire il suo cuore ferreo e ossessivo. Con le lacrime agli occhi, che le rigavano le guance appassite, la bocca malinconica semiaperta, che tremava mentre passava la preghiera mormorata tra i singhiozzi, i riccioli neri e opulenti gettati in disordine sulle spalle, il tenero busto che tornava al cielo. piantato su un grembo scultoreo, offrirà all'ispirato artista il modello più bello e sublime per l'effige dell'Addolorata, alla quale rivolge in quel momento le sue ardenti suppliche. Gli angeli del cielo, che certo in quel momento le volteggiavano intorno, agitando le loro ali d'oro e di cremisi, non potevano fare a meno di rivolgere preghiere così fervide e dolorose ai piedi del trono del Consolatore degli afflitti. Assorta nelle sue pene, Isaura non vide il padre, il quale, entrando nell'atrio con passi sottili e cauti, le si avvicinò.

— Oh! felizmente ela ali está, — murmurava o velho, — o algoz aqui também andava! oh! pobre Isaura!... que será de ti?!... — Meu pai por aqui!... — exclamou a infeliz ao avistar Miguel. — Venha, venha ver a que estado reduzem sua filha. — Que tens, filha?... que nova desgraça te sucede? — Não está vendo, meu pai?... eis ali a sorte, que me espera, — respondeu ela apontando para o tronco e as algemas, que ali estavam ao pé dela. — Que monstro, meu Deus!... mas eu já esperava por tudo isto... — É esta a liberdade que pretende dar àquela que a mãe dele criou com tanto amor e carinho. O mais cruel e aviltante cativeiro, um martírio continuado da alma e do corpo, eis o que resta à sua desventurada filha... Meu pai, não posso resistir a tanto sofrimento!... restava-me um recurso extremo; esse mesmo vai-me ser negado. Presa, algemada, amarrada de pés e mãos!... oh!... meu pai! meu pai!... isto é horrível!...
-OH! per fortuna c'è lei, — mormorò il vecchio, — qui camminava anche l'aguzzino! OH! povera Isaura!... che ne sarà di te?!... —Mio padre quaggiù!... —esclamò la sventurata quando vide Miguel. "Vieni, vieni a vedere in che stato è ridotta tua figlia." — Che c'è, figlia?... quale nuova disgrazia ti capita? "Non vedi, padre mio?... questa è la fortuna che mi aspetta," rispose, indicando il baule e le manette, che erano lì ai suoi piedi. — Che mostro, mio ​​Dio!... ma tutto questo mi aspettavo... — Questa è la libertà che intendi dare a colui che sua madre ha allevato con tanto amore e cura. La prigionia più crudele e degradante, un continuo martirio dell'anima e del corpo, questo è ciò che rimane alla tua sventurata figlia... Padre mio, non posso resistere a tante sofferenze!... Mi restava un'estrema risorsa; questo mi sarà negato. Arrestato, ammanettato, legato mani e piedi!... oh!... mio padre! mio padre!... questo è orribile!...

— Meu pai, a sua faca, – acrescentou depois de ligeira pausa com voz rouca e olhar sombrio, – preciso de sua faca. — Que pretendes fazer com ela, Isaura? que louco pensamento é o teu?... — Dê-me essa faca, meu pai; eu não usarei dela senão em caso extremo; quando o infame vier lançar-me as mãos para deitar-me esses ferros, farei saltar meu sangue ao rosto vil do algoz. — Não, minha filha; não serão necessários tais extremos. Meu coração já adivinhava tudo isto, e já tenho tudo prevenido. O dinheiro, que não serviu para alcançar a tua liberdade, vai agora prestar-nos para arrancar-te às garras desse monstro. Tudo está já disposto, Isaura. Fujamos. — Sim, meu pai, fujamos; mas como? para onde? — Para longe daqui, seja para onde for; e já, minha filha, enquanto não suspeitem coisa alguma, e não te carregam de ferros. — Ah! meu pai, tenho bem medo; se nos descobrem, qual será a minha sorte!...
- Mio padre, il tuo coltello, - aggiunse dopo una breve pausa con voce rauca e sguardo cupo, - ho bisogno del tuo coltello. — Cosa intendi fare di lei, Isaura? che folle pensiero è il tuo?... —Dammi quel coltello, padre mio; Non lo userò se non in un caso estremo; quando l'uomo infame verrà a impormi le mani per mettermi questi ferri, farò scorrere il mio sangue sul vile volto del carnefice. - Non mia figlia; non saranno necessari tali estremi. Il mio cuore ha già indovinato tutto questo, e io ho già capito tutto. Il denaro, che non è stato utilizzato per ottenere la tua libertà, ora ci presterà per strapparti dalle grinfie di quel mostro. È tutto pronto, Isaura. Scappiamo. — Sì, padre mio, fuggiamo; ma come? Dove? “Via da qui, ovunque tu vada; ed ora, figlia mia, mentre non sospettano nulla e non ti caricano di catene. - OH! mio padre, ho davvero paura; se ci scoprono, quale sarà la mia fortuna!...

— A empresa é arriscada, não posso negar-te; mas ânimo. Isaura; é nossa única tábua de salvação; agarremo-nos a ela com fé, e encomendemo-nos à divina providência. Os escravos estão na roça; o feitor levou para o cafezal tuas companheiras, teu senhor saiu a cavalo com o André; não há talvez em toda a casa senão alguma negra lá pelos cantos da cozinha. Aproveitemos a ocasião, que parece mesmo nos vir das mãos de Deus, no momento em que aqui estou chegando. Eu já preveni tudo.
— L'impresa è rischiosa, non posso negarlo; ma rallegrati. Isauro; è la nostra unica ancora di salvezza; afferriamoci con fede, e affidiamoci alla divina provvidenza. Gli schiavi sono nei campi; il caposquadra ha portato i tuoi compagni alla piantagione di caffè, il tuo padrone è uscito a cavallo con André; forse non c'è una sola donna di colore in tutta la casa negli angoli della cucina. Approfittiamo dell'occasione, che sembra provenire dalle mani di Dio, mentre arrivo qui. Ho già prevenuto tutto.

Lá no fundo do quintal à beira do rio está amarrada uma canoa; é quanto nos basta. Tu sairás primeiro e irás lá ter por dentro do quintal; eu sairei por fora alguns instantes depois e lá nos encontraremos. Em menos de uma hora estaremos em Campos, onde nos espera um navio, de que é capitão um amigo meu, e que tem de seguir viagem para o Norte nesta madrugada. Quando romper o dia, estaremos longe do algoz que te persegue. Vamo-nos, Isaura; talvez por esse mundo encontremos alguma alma piedosa, que melhor do que eu te possa proteger. — Vamo-nos, meu pai; que posso eu recear?... posso acaso ser mais desgraçada do que já sou?...Isaura, cosendo-se com a sombra do muro, que rodeava o pátio, abriu o portão, que dava para o quintal, e desapareceu. Momentos depois Miguel rodeando por fora os edifícios costeava o quintal, e achava-se com ela à margem do rio. A canoa vogando sutilmente bem junto à barranca, impelida pelo braço vigoroso de Miguel, em poucos minutos perdeu de vista a fazenda.
In fondo al cortile, vicino al fiume, è legata una canoa; ci basta. Uscirai per primo ed entrerai nel cortile; Verrò fuori qualche istante dopo e ci incontreremo lì. Tra meno di un'ora saremo a Campos, dove ci aspetta una nave capitanata da un mio amico, che stamattina deve salpare verso nord. Quando sorgerà il giorno, saremo lontani dal tormentatore che ti sta inseguendo. Andiamo, Isaura; forse in questo mondo troveremo qualche anima pia, che meglio di me può proteggerti. — Andiamo, padre mio; di che cosa posso aver paura?... potrei forse essere più sfortunata di quanto non sia già?... scomparso. Pochi istanti dopo Miguel, girando intorno agli edifici, costeggiò il cortile e si ritrovò con lei sulla riva del fiume. La canoa si avvicinò leggermente alla riva, sospinta dal forte braccio di Miguel, e in pochi minuti perse di vista la fattoria.



contatto consenso al trattamento dei dati personali informazione legale