A escrava Isaura

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— Senhor Leôncio, — disse Malvina com voz alterada aproximando-se do sofá, em que se achava o marido, — desejo dizer-lhe duas palavras, se isso não o incomoda. — Estou sempre às tuas ordens, querida Malvina, — respondeu levantandose lesto e risonho, e como quem nenhum reparo fizera no tom cerimonioso com que Malvina o tratava. — Que me queres?... — Quero dizer-lhe, — exclamou a moça em tom severo, e fazendo vãos esforços para dar ao seu lindo e mavioso semblante um ar feroz, quero dizer-lhe que o senhor me insulta e me atraiçoa em sua casa, da maneira a mais indigna e desleal...
"Signor Leôncio," disse Malvina con voce alterata, avvicinandosi al divano dove era seduto suo marito, "voglio dirle due parole, se non le dà fastidio." "Sono sempre al tuo servizio, cara Malvina," rispose alzandosi in fretta e sorridendo, come se non si fosse accorto del tono cerimonioso con cui Malvina lo trattava. — Cosa vuoi da me?... — Voglio dirtelo, — esclamò la fanciulla con tono severo, e facendo vani sforzi per dare al suo bel viso tenero un'aria feroce, voglio dirti che insulti e tradirmi in casa sua, nel modo più indegno e sleale...

— Santo Deus!... que estás aí a dizer, minha querida?... explica-te melhor, que não compreendo nem uma palavra do que dizes... — Debalde, que o senhor se finge surpreendido; bem sabe a causa do meu desgosto. Eu já devia ter pressentido esse seu vergonhoso procedimento; há muito que o senhor não é o mesmo para comigo, e me trata com tal frieza e indiferença... — Oh! meu coração, pois querias que durasse eternamente a lua-de-mel?... isso seria horrivelmente monótono e prosaico.
— Santo Dio!... che dici lì, mia cara?... spiegati meglio, non capisco una parola di quello che dici... — È vano, fingi di stupirti; tu conosci la causa del mio dispiacere. Avrei già dovuto prevedere questo tuo vergognoso procedimento; Non sei più lo stesso con me da molto tempo, e mi tratti con tanta freddezza e indifferenza... —Oh! cuore mio, perché volevi che la luna di miele durasse per sempre?... sarebbe terribilmente monotono e prosaico.

— Ainda escarneces, infame! – bradou a moça, e desta vez as faces se lhe afoguearam de extraordinário rubor, e fuzilaram-lhe nos olhos lampejos de cólera terrível. — Oh! não te exasperes assim, Malvina; estou gracejando – disse Leôncio procurando tomar-lhe a mão. — Boa ocasião para gracejos!... deixe-me, senhor!... que infâmia!... que vergonha para nós ambos!... — Mas enfim não te explicarás?
"Ancora ghigni, infame!" - gridò la ragazza, e questa volta le sue guance erano arrossate di uno straordinario rossore, e lampi di terribile rabbia balenarono nei suoi occhi. -OH! non ti arrabbiare così, Malvina; Sto scherzando», disse Leôncio, cercando di prenderle la mano. — Buona occasione di scherzi!... lasci fare a me, signore!... che disgrazia!... che disgrazia per tutti e due!... — Ma comunque, non vuole spiegare?

— Não tenho que explicar; o senhor bem me entende. Só tenho que exigir... — Pois exige, Malvina. — Dê um destino qualquer a essa escrava, a cujos pés o senhor costuma vilmente prostrar-se: liberte-a, venda-a, faça o que quiser. Ou eu ou ela havemos de abandonar para sempre esta casa; e isto hoje mesmo. Escolha entre nos. — Hoje?! — E já! — És muito exigente e injusta para comigo, Malvina, - disse Leôncio depois de um momento de pasmo e hesitação. — Bem sabes que é meu desejo libertar Isaura; mas acaso depende isso de mim somente? é a meu pai que compete fazer o que de mim exiges.
“Non devo spiegare; mi capisci bene. Devo solo pretendere... —Beh, pretendi tu, Malvina. "Dai un destino a questa schiava, ai cui piedi il padrone è abituato a prostrarsi vilmente: liberala, vendila, fai quello che vuoi." O io o lei lasceremo questa casa per sempre; e questo oggi. Scegli da noi. - Oggi?! - E adesso! "Sei molto esigente e ingiusta con me, Malvina," disse Leôncio dopo un momento di stupore ed esitazione. — Sai benissimo che è mio desiderio liberare Isaura; ma dipende solo da me? tocca a mio padre fare quello che mi chiedi.

— Que miserável desculpa, senhor! seu pai já lhe entregou escravos e fazenda, e dará por bem feito tudo quanto o senhor fizer. Mas se acaso o senhor a prefere a mim... — Malvina!... não digas tal blasfêmia!... — Blasfêmia!... quem sabe!... mas enfim dê um destino qualquer a essa rapariga, se não quer expelir-me para sempre de sua casa. Quanto a mim, não a quero mais nem um momento em meu serviço; é bonita demais para mucama. — O que lhe dizia eu, senhor Leôncio? acudiu Henrique, que já cansado e envergonhado do papel de mudo guarda-costas, entendeu que devia intervir também na querela. — Está vendo?.. eis aí o fruto que se colhe desses belos trastes de luxo, que quer por força ter em seu salão...
"Che scusa miserabile, signore!" Tuo padre ti ha già dato schiavi e proprietà, e considererà una buona cosa tutto ciò che farai. Ma se per caso la preferisci a me... —Malvina!... non dire tante bestemmie!... —Blasfemia!... chissà!... ma comunque, fa' che faccia a quella ragazza, se non vuole cacciarmi per sempre dalla sua casa. Quanto a me, non la voglio un altro momento al mio servizio; è troppo carina per una cameriera. —Cosa ti ho detto, Senhor Leoncio? si unì Henrique, il quale, già stanco e vergognoso del suo ruolo di muta guardia del corpo, capì che doveva intervenire anche lui nella lite. — Vedi?.. ecco il frutto che si raccoglie da questi bei oggetti di lusso, che vuole per forza avere nel suo salone...

— Esses trastes não seriam tão perigosos, se não existissem vis mexeriqueiros, que não hesitam em perturbar o sossego da casa dos outros para conseguir seus fins perversos...
— Queste cose non sarebbero così pericolose se non ci fossero vili pettegolezzi, che non esitano a turbare la quiete delle case altrui per raggiungere i loro perversi fini...

— Alto lá, senhor!... para impedir que o senhor não transportasse o seu traste de luxo do salão para a alcova, percebe?... o escândalo cedo ou tarde seria notório, e nenhum dever tenho eu de ver de braços cruzados minha irmã indignamente ultrajada. — Senhor Henrique! bradou Leôncio avançando para ele, hirto de cólera e com gesto ameaçador. — Basta, senhores — gritou Malvina interpondo-se aos dois mancebos. Toda a disputa por tal motivo é inútil e vergonhosa para nós todos. Eu já disse a Leôncio o que tinha de dizer; ele que se decida; faça o que entender. Se quiser ser homem de brio e pundonor, ainda é tempo. Se não, deixe-me, que eu o entregarei ao desprezo que merece.
— Smettetela, signore!... per impedirvi di trasportare il vostro lussuoso mobile dal salotto alla camera da letto, vedete?... prima o poi lo scandalo sarebbe noto, e non ho il dovere di vigilare con le mie braccia incrociarono mia sorella indegnamente indignata. "Lord Henry!" gridò Leôncio, avanzando verso di lui, irrigidito dalla rabbia e con un gesto minaccioso. "Basta, signori," esclamò Malvina, frapponendosi ai due giovanotti. Tutte le controversie su tali basi sono inutili e vergognose per tutti noi. Ho già detto a Leôncio quello che dovevo dire; lascialo decidere; fai quello che capisci. Se vuoi essere un uomo orgoglioso e orgoglioso, sei ancora in tempo. Se no, lascialo a me, e lo consegnerò al disprezzo che merita.

— Oh! Malvina! estou pronto a fazer todo o possível para te tranqüilizar e contentar: mas deves saber que não posso satisfazer o teu desejo sem primeiro entender-me com meu pai, que está na corte. É preciso mais que saibas, que meu pai nenhuma vontade tem de libertar Isaura, tanto assim, que para se ver livre das importunações do pai dela, que também quer a todo custo libertá-la, exigiu uma soma por tal forma exorbitante, que é quase impossível o pobre homem arranjá-la. — O de casa!... dá licença?— bradou neste momento com voz forte e sonora uma pessoa, que vinha subindo a escada do alpendre. — Quem quer que é, pode entrar, — gritou Leôncio dando graças ao céu, que tão a propósito mandava-lhe uma visita para interromper aquela importuna e detestável questão e livrá-lo dos apuros em que se via entalado.
-OH! Malvina! Sono pronto a fare tutto il possibile per rassicurarti e accontentarti: ma devi sapere che non posso soddisfare il tuo desiderio senza prima venire a patti con mio padre, che è a corte. Devi anche sapere che mio padre non ha alcuna voglia di liberare Isaura, tanto che per liberarsi delle vessazioni del padre, che pure vuole liberarla a tutti i costi, ha preteso una cifra esorbitante, che è quasi impossibile per il pover'uomo ottenerlo. “Quello di casa!... Scusi?” gridò in quel momento, con voce forte e sonora, qualcuno che stava salendo le scale del portico. "Chiunque sia, entri," gridò Leôncio, ringraziando il cielo che gli aveva inviato una visita così apposta per interrompere quella domanda importuna e detestabile e liberarlo dall'imbarazzo in cui si trovava intrappolato.

Entretanto, como se verá, não tinha muito de que congratular-se. O visitante era Miguel, o antigo feitor da fazenda, o pai de Isaura, que havia sido outrora grosseiramente despedido pelo pai de Leôncio. Este, que ainda o não conhecia, recebeu-o com afabilidade.
Tuttavia, come si vedrà, aveva poco di cui congratularsi con se stesso. Il visitatore era Miguel, l'ex direttore della fattoria, il padre di Isaura, che una volta era stato bruscamente licenziato dal padre di Leôncio. Quest'ultimo, che non lo aveva ancora conosciuto, lo accolse affabilmente.

— Queira sentar-se, — disse-lhe, — e dizer-nos o motivo por que nos faz a honra de procurar, — Obrigado! — disse o recém-chegado, depois de cumprimentar respeitosamente Henrique e Malvina. — V. Sa. sem dúvida é o senhor Leôncio?... — Para o servir. — Muito bem!... é com V. Sa. que tenho de tratar na falta do senhor seu pai. O meu negócio é simples, e julgo que o posso declarar em presença aqui do senhor e da senhora, que me parecem ser pessoas de casa. — Sem dúvida! entre nós não há segredo, nem reservas. — Eis aqui ao que vim, senhor meu, — disse Miguel, tirando da algibeira de seu largo sobretudo uma carteira, que apresentou a Leôncio; — faça o favor de abrir esta carteira; aqui encontrará V. Sa. a quantia exigida pelo senhor seu pai, para a liberdade de uma escrava desta casa por nome Isaura.
"Per favore, siediti," dissi, "e dicci perché ci fai l'onore di guardare." Grazie! disse il nuovo arrivato, dopo aver salutato rispettosamente Henrique e Malvina. — V. Sa. senza dubbio è il Senhor Leôncio?... —Per servirlo. —Molto bene!... Tocca a te. che devo affrontare in assenza del tuo lord padre. I miei affari sono semplici, e credo di poterlo dichiarare in presenza di voi e della vostra signora qui, che mi sembrano gente di casa. - Senza dubbio! tra di noi non c'è segreto, nessuna riserva. "È per questo che sono venuto, mio ​​signore," disse Miguel, prendendo un portafoglio dalla tasca del suo ampio soprabito, che presentò a Leôncio; — per favore apri questo portafoglio; qui troverai V. Sa. la somma richiesta dal suo signore padre, per la libertà di una schiava di questa casa di nome Isaura.

Leôncio enfiou, e tomando maquinalmente a carteira, ficou alguns instantes com os olhos pregados no teto. — Pelo que vejo, — disse por fim, — o senhor deve ser o pai... aquele que dizem ser o pai da dita escrava. — é o senhor. — não me lembra o nome.. — Miguel, um criado de V. Sa.
Leôncio salì e, meccanicamente preso il portafogli, rimase qualche istante con gli occhi incollati al soffitto. "Da quello che vedo," disse infine, "tu devi essere il padre - quello che si dice sia il padre del suddetto schiavo." - E tu. — Non ricordo il nome.. — Miguel, uno dei tuoi servitori.

— É verdade; o senhor Miguel. Folgo muito que tenha arranjado meios de libertar a menina; ela bem merece esse sacrifício.
- E la verità; Signor Michele. Sono molto contento che tu sia riuscito a liberare la ragazza; merita quel sacrificio.

Enquanto Leôncio abre a carteira, e conta e reconta mui pausadamente nota por nota o dinheiro, mais para ganhar tempo a refletir sobre o que deveria fazer naquelas conjunturas, do que para verificar se estava exata a soma, aproveitemonos do ensejo para contemplar a figura do bom e honrado português, pai da nossa heroína, de quem ainda não nos ocupamos senão de passagem. Era um homem de mais de cinqüenta anos; em sua fisionomia nobre e alerta transpirava a franqueza, a bonomia, e a lealdade.
Mentre Leôncio apre il portafogli e molto lentamente conta e riconta i soldi nota per nota, più per guadagnare tempo per riflettere su cosa avrebbe dovuto fare in quelle circostanze, che per verificare che la somma fosse esatta, approfittiamo dell'occasione per contemplare la figura del buon e onorevole portoghese, padre della nostra eroina, di cui non ci siamo ancora occupati se non di sfuggita. Era un uomo sopra la cinquantina; il suo volto nobile e vigile trasudava franchezza, bonomia e lealtà.

Trajava pobremente, mas com muito alinho e limpeza, e por suas maneiras e conversação, conhecia-se que aquele homem não viera ao Brasil, como quase todos os seus patrícios, dominado pela ganância de riquezas. Tinha o trato e a linguagem de um homem polido, e de acurada educação. De feito Miguel era filho de uma nobre e honrada família de miguelistas, que havia emigrado para o Brasil. Seus pais, vítimas de perseguições políticas, morreram sem ter nada que legar ao filho, que deixaram na idade de dezoito a vinte anos. Sozinho, sem meios e sem proteção, viu-se forçado a viver do trabalho de seus braços, metendo-se a jardineiro e horticultor, mister este, que como filho de lavrador, robusto, ativo e inteligente, desempenhava com suma perícia e perfeição.
Vestiva male, ma molto ordinato e pulito, e dai modi e dalla conversazione si sapeva che quell'uomo non era venuto in Brasile, come quasi tutti i suoi compatrioti, dominato dall'avidità di ricchezze. Aveva il comportamento e il linguaggio di un uomo educato e ben educato. Infatti Miguel era figlio di una nobile e onorevole famiglia di Miguelisti, emigrati in Brasile. I suoi genitori, vittime di persecuzioni politiche, morirono senza avere nulla da lasciare in eredità al figlio, che lasciarono all'età di diciotto o vent'anni. Solo, senza mezzi e senza protezione, fu costretto a vivere del lavoro delle sue braccia, diventando giardiniere e orticoltore, lavoro che, da figlio di contadino, robusto, attivo e intelligente, eseguì con grande abilità e perfezione. .

O pai de Leôncio, tendo tido ocasião de conhecê-lo, e apreciando o seu merecimento, o engajou para feitor de sua fazenda com vantajosas condições. Ali serviu muitos anos sempre mui respeitado e querido de todos, até que aconteceulhe a fatal, mas muito desculpável fraqueza, que sabemos, e em consequência da qual foi grosseiramente despedido por seu patrão. Miguel concebeu amargo ressentimento e mágoa profunda, não tanto por si, como por amor das duas infelizes criaturas, que não podia proteger contra a sanha de um senhor perverso e brutal. Mas forçoso lhe foi resignar-se. Não lhe faltava serviço nem acolhimento pelas fazendas vizinhas. Conhecedores de seu mérito, os lavradores em redor o aceitariam de braços abertos; a dificuldade estava na escolha.
Il padre di Leôncio, avendo avuto occasione di conoscerlo, e apprezzandone la dignità, lo assunse come sorvegliante della sua fattoria a condizioni vantaggiose. Lì prestò servizio per molti anni, sempre molto rispettato e amato da tutti, finché gli accadde la fatale ma scusabilissima debolezza, che sappiamo, e per la quale fu bruscamente licenziato dal suo capo. Miguel concepì aspro risentimento e profondo dolore, non tanto per se stesso quanto per l'amore delle due sventurate creature, che non poteva proteggere dalla furia di un padrone perverso e brutale. Ma è stato costretto a dimettersi. Non è mancato il servizio e l'accoglienza delle fattorie vicine. Conoscendo i suoi meriti, i contadini circostanti lo accetterebbero a braccia aperte; la difficoltà stava nella scelta.

Optou pelo mais vizinho, para ficar o mais perto possível de sua querida filhinha. Como o comendador quase sempre achava-se na corte ou em Campos, Miguel tinha muita ocasião e facilidade de ir ver a menina, à qual cada vez ia criando mais entranhado afeto. A esposa do comendador, na ausência deste, dava ao português franca entrada em sua casa, e facilitava-lhe os meios de ver e afagar a filhinha, com o que vivia ele mui consolado e contente. De feito o céu tinha dado à sua filha na pessoa de sua senhora uma segunda mãe tão boa e desvelada, como poderia ser a primeira, e que mais do que esta lhe podia servir de amparo e proteção. A morte inesperada daquela virtuosa senhora veio despedaçar-lhe o coração, quebrando-lhe todas as suas lisonjeiras esperanças.
Ha optato per il più vicino, per essere il più vicino possibile alla sua cara figlioletta. Poiché il comandante era quasi sempre a corte oa Campos, Miguel aveva molte possibilità e facilità per andare a trovare la ragazza, alla quale si affezionò sempre di più. La moglie del comandante, in sua assenza, diede al portoghese libero ingresso nella sua casa, e gli fornì i mezzi per vedere e accarezzare la sua figlioletta, con la quale fu molto consolato e felice. Il cielo, infatti, aveva dato a sua figlia, nella persona della sua padrona, una seconda madre buona e premurosa come avrebbe potuto essere la prima, e che potesse servirle più della seconda di sostegno e di protezione. La morte inaspettata di quella virtuosa signora gli spezzò il cuore, mandando in frantumi tutte le sue lusinghiere speranze.

Muito pode o amor paterno em uma alma nobre e sensível!... Miguel, sobrepujando todo o ódio, repugnância e asco, que lhe inspirava a pessoa do comendador, não hesitou em ir humilhar-se diante dele, importuná-lo com suas súplicas, rogar-lhe com as lágrimas nos olhos, que abrisse preço à liberdade de Isaura.
Quanto può l'amore paterno in un animo nobile e sensibile!... Miguel, vincendo tutto l'odio, la ripugnanza e il disgusto che gli ispirava la persona del Comandante, non esitò ad andare ad umiliarsi davanti a lui, ad assillarlo con le sue suppliche, supplicandolo con le lacrime agli occhi, di pagare un prezzo per la libertà di Isaura.

— Não há dinheiro que a pague; há de ser sempre minha, — respondia com orgulhoso cinismo o inexorável senhor ao Um dia enfim para se ver livre das importunações e súplicas de Miguel, disse-lhe com mau modo:
— Non ci sono soldi per pagarlo; lei sarà sempre mia, - l'inesorabile signore rispose con orgoglioso cinismo a Un giorno finalmente per liberarsi delle insistenze e delle suppliche di Miguel, gli disse in malo modo:

— Homem de Deus, traga-me dentro de um ano dez contos de réis, e lhe entrego livre a sua filha e... deixe-me por caridade. Se não vier nesse prazo, perca as esperanças. — Dez contos de réis! é soma demasiado forte para mim.. – mas não importa!... ela vale muito mais do que isso. Senhor comendador, vou fazer o impossível para trazer-lhe essa soma dentro do prazo marcado. Espero em Deus, que me há de ajudar.
"Uomo di Dio, portami dieci contos de réis entro un anno, e ti regalerò tua figlia e... lasciami per beneficenza." Se non arriva entro quel lasso di tempo, perdi la speranza. — Dieci contos de réis! è una somma troppo forte per me... - ma non importa!... vale molto di più. Signor Comandante, farò tutto il possibile per portarvi quella somma entro il termine stabilito. Spero in Dio, che mi aiuterà.

O pobre homem, à força de trabalho e economia, impondo-se privações, vendendo todo o supérfluo, e limitando-se ao que era estritamente necessário, no fim do ano apenas tinha arranjado metade da quantia exigida. Foi-lhe mister recorrer à generosidade de seu novo patrão, o qual, sabendo do santo e nobre fim a que se propunha seu feitor, e do vexame e extorsão de que era vítima, não hesitou em fornecer-lhe a soma necessária, a título de empréstimo ou adiantamento de salários. Leôncio, que como seu pai julgava impossível que Miguel em um ano pudesse arranjar tão considerável soma, ficou atônito e altamente contrariado, quando este se apresentou para lha meter nas mãos.
Il pover'uomo, a forza di lavoro e di economia, imponendosi privazioni, vendendo tutto il superfluo, e limitandosi allo stretto necessario, alla fine dell'anno era riuscito appena alla metà della cifra richiesta. Fu necessario per lui ricorrere alla generosità del suo nuovo capo, il quale, conoscendo il santo e nobile scopo che gli proponeva il suo sorvegliante, e l'umiliazione e l'estorsione di cui era vittima, non esitò a fornirgli la somma necessaria , come prestito o anticipo di stipendio. Leôncio, che, come suo padre, riteneva impossibile che Miguel potesse organizzare una somma così considerevole in un anno, rimase sbalordito e molto turbato quando si presentò per affidargliela.

— Dez contos, – disse por fim Leôncio acabando de contar o dinheiro. — É justamente a soma exigida por meu pai. — Bem estólido e avaro é este meu pai, murmurou ele consigo, — eu nem por cem contos a daria. — Senhor Miguel, — continuou em voz alta, entregando-lhe a carteira, — guarde por ora o seu dinheiro; Isaura não me pertence ainda; só meu pai pode dispor dela. Meu pai acha-se na corte, e não deixou-me autorização alguma para tratar de semelhante negócio. Arranje-se com ele.
"Dieci contos," disse infine Leôncio, finendo di contare i soldi. "È solo la somma richiesta da mio padre." - Molto stolido e avaro è questo mio padre, mormorò tra sé, - non lo darei nemmeno per cento conti. «Sir Miguel», continuò a voce alta, porgendogli il portafogli, «tenete per il momento i vostri soldi; Isaura non mi appartiene ancora; solo mio padre può disporne. Mio padre è a corte e non mi ha lasciato alcuna autorizzazione per trattare affari del genere. Fatti perdonare.

— Mas V. Sa. é seu filho e herdeiro único, e bem podia por si mesmo... — Alto lá, senhor Miguel! meu pai felizmente é vivo ainda, e não me é permitido desde já dispor de seus bens, como minha herança. — Embora, senhor; tenha a bondade de guardar esse dinheiro e enviá-lo ao senhor seu pai, rogando-lhe da minha parte o favor de cumprir a promessa que me fez de dar liberdade a Isaura mediante essa quantia. — Ainda pões dúvida, Leôncio?! – exclamou Malvina impaciente e indignada com as tergiversações do marido. — Escreve, escreve quanto antes a teu pai; não te podes esquivar sem desonra a cooperar para a liberdade dessa rapariga.
- Ma tu. è il suo unico figlio ed erede, e potrebbe benissimo farlo da solo... —Fermo, Senhor Miguel! per fortuna mio padre è ancora vivo e non mi è permesso disporre dei suoi beni in eredità. “Anche se, signore; per favore risparmia questo denaro e mandalo a tuo padre, pregandolo di mantenere la promessa che mi ha fatto di liberare Isaura per questa somma. — Sei ancora in dubbio, Leoncio?! – esclamò Malvina impaziente e indignata per le tergiversazioni del marito. — Scrivi, scrivi a tuo padre il prima possibile; non puoi sottrarti senza disonore a cooperare per la libertà di quella ragazza.

Leôncio, subjugado pelo olhar imperioso da mulher, e pela força das circunstâncias, que contra ele conspiravam, não pôde mais escusar-se. Pálido e pensativo, foi sentar-se junto a uma mesa, onde havia papel e tinta, e de pena em punho pôs-se a meditar em atitude de quem ia escrever. Malvina e Henrique, debruçados a uma janela, conversavam entre si em voz baixa. Miguel, sentado a um canto na outra extremidade da sala, esperava pacientemente, quando Isaura, que do quintal, onde se achava escondida, o tinha visto chegar, entrando no salão sem ser sentida, se lhe apresentou diante dos olhos. Entre pai e filha travou-se a meia voz o seguinte diálogo:
Leonzio, soggiogato dallo sguardo imperioso della donna e dalla forza delle circostanze che cospiravano contro di lui, non poteva più scusarsi. Pallido e pensieroso, andò a sedersi a un tavolo, dove c'erano carta e inchiostro, e penna in mano, cominciò a meditare con l'atteggiamento di chi sta per scrivere. Malvina e Henrique, appoggiati a una finestra, parlavano tra loro a bassa voce. Miguel, seduto in un angolo all'altro capo della stanza, attendeva pazientemente quando Isaura, che lo aveva visto arrivare dal cortile sul retro, dove si era nascosta, era entrata nell'atrio senza farsi notare, si presentò ai suoi occhi. Tra padre e figlia si svolse a bassa voce il seguente dialogo:

— Meu pai!... que novidade o traz aqui?... a modo que lhe estou vendo um ar mais alegre que de costume. — Calada! — murmurou Miguel, levando o dedo à boca e apontando para Leôncio. — Trata-se da tua liberdade. — Deveras, meu pai!... mas como pôde arranjar isso? — Ora como?!... a peso de ouro. Comprei-te, minha filha, e em breve vais ser minha.
— Mio padre!... che novità ti porta qui?... Vedo che hai un'aria più allegra del solito. "Stai zitto!" mormorò Miguel portandosi un dito alla bocca e indicando Leôncio. “Riguarda la tua libertà. — Sì, padre mio!... ma come hai potuto fare? — Ebbene come?!... a suo peso in oro. Ti ho comprato, figlia mia, e presto sarai mia.

— Ah! meu querido pai!... como vossemecê é bom para sua filha!... se soubesse quantos hoje já me vieram oferecer a liberdade!... mas por que preço! meu Deus!... nem me atrevo a lhe contar. Meu coração adivinhava, continuou beijando com terna efusão as mãos de Miguel; — eu não devia receber a liberdade senão das mãos daquele que me deu a vida!...
- OH! mio caro padre!... come sei buono con tua figlia!... se tu sapessi quanti oggi sono venuti ad offrirmi la libertà!... ma a quale prezzo! mio Dio!... non oso dirtelo. Il mio cuore indovinò, continuò a baciare le mani di Miguel con tenera effusione; — Avrei dovuto ricevere la libertà solo dalle mani di Colui che mi ha dato la vita!...

— Sim, querida Isaura! — disse o velho apertando-a contra o coração. — O céu nos favoreceu, e em breve vais ser minha, minha só, minha para sempre!... — Mas ele consente?... perguntou Isaura apontando para Leôncio. — O negócio não é com ele, é com seu pai, a quem agora escreve. — Nesse caso tenho alguma esperança; mas se minha sorte depender somente daquele homem, serei para sempre escrava. — Arre! com mil diabos!... resmungou consigo Leôncio levantando-se, e dando sobre a mesa um furioso murro com o punho fechado. — Não sei que volta hei de dar para desmanchar esta inqualificável loucura de meu pai! — Já escreveste, Leôncio? — perguntou Malvina voltando-se para dentro.
— Sì, cara Isaura! disse il vecchio, premendoselo sul cuore. — Il cielo ci ha favorito, e presto sarai mia, mia sola, mia per sempre!... —Ma acconsente?... chiese Isaura, indicando Leôncio. - L'affare non è con lui, è con suo padre, al quale scrive ora. “Allora ho qualche speranza; ma se il mio destino dipende solo da quell'uomo, sarò per sempre uno schiavo. "Arri!" Dannazione!... mormorò tra sé Leôncio, alzandosi e colpendo furiosamente il tavolo con il pugno chiuso. "Non so fino a quando dovrò disfare questa indicibile follia di mio padre!" — Hai scritto, Leoncio? chiese Malvina, voltandosi dentro.

Antes que Leôncio pudesse responder a esta pergunta, um pajem, entrando rapidamente pela sala, entrega-lhe uma carta tarjada de preto. — De luto!... meu Deus!... que será! — exclamou Leôncio, pálido e trêmulo, abrindo a carta, e depois de a ter percorrido rapidamente com os olhos lançou-se sobre uma cadeira, soluçando e levando o lenço aos olhos. — Leôncio! Leôncio!... que tem?... exclamou Malvina pálida de susto; e tomando a carta que Leôncio atirara sobre a mesa, começou a ler com voz entrecortada: "Leôncio, tenho a dar-te uma dolorosa notícia, para a qual teu coração não podia estar preparado. E um golpe, pelo qual todos nós temos de passar inevitavelmente, e que deves suportar com resignação. Teu pai já não existe; sucumbiu anteontem subitamente, vítima de uma congestão cerebral..."
Prima che Leôncio potesse rispondere a questa domanda, un paggio, entrando rapidamente nella stanza, gli porge una lettera bordata di nero. — A lutto!... mio Dio!... che sarà! esclamò Leonzio, pallido e tremante, aprendo la lettera, e dopo averla rapidamente percorsa con gli occhi, si gettò su una sedia, singhiozzando e portandosi il fazzoletto agli occhi. "Leonzio!" Leôncio!... che c'è?... esclamò Malvina, pallida di spavento; e prendendo la lettera che Leôncio aveva gettato sul tavolo, cominciò a leggere con voce rotta: "Leôncio, devo darti una notizia dolorosa, per la quale il tuo cuore non poteva essere preparato. E un colpo, per il quale noi tutti devono inevitabilmente passare, e che devi sopportare con rassegnazione. Tuo padre non esiste più, è morto improvvisamente l'altro ieri, vittima di una congestione cerebrale..."

Malvina não pôde continuar; e nesse momento, esquecendo-se das injúrias e de tudo que lhe havia acontecido naquele nefasto dia, lançou-se sobre seu marido, e abraçando-se com ele estreitamente, misturava suas lágrimas com as dele. —Ah! meu pai! meu pai!... tudo está perdido! — exclamou Isaura, pendendo a linda e pura fronte sobre o peito de Miguel. — Já nenhuma esperança nos resta!... —Quem sabe, minha filha! — replicou gravemente o pai. – Não desanimemos; grande é o poder de Deus!...
Malvina non è stata in grado di continuare; e in quel momento, dimenticando le ingiurie e tutto ciò che le era accaduto in quel giorno disastroso, si gettò sul marito e, abbracciandolo strettamente, mescolò le sue lacrime alle sue. -OH! mio padre! mio padre!... tutto è perduto! esclamò Isaura, appoggiando la fronte bella e pura sul petto di Miguel. — Non abbiamo più speranza!... — Chissà, figlia mia! rispose gravemente il padre. – Non scoraggiamoci; grande è la potenza di Dio!



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